Page 74 - Revista Realiza Premium - Edição 67
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SONA

Como a dor de um
pai pode salvar vidas

AO PERDER A FILHA PARA A SEPSE, ANALISTA DE SISTEMAS
TRANSFORMA DOR EM MOTIVAÇÃO PARA CRIAR O ROBÔ
LAURA, TECNOLOGIA QUE HOJE SALVA UMA VIDA POR DIA

L aura viveu por apenas 18 dias após seu nascimen- prever riscos. Além disso, o robô entende e conversa direta-
to. Estima-se que o motivo de sua partida preco- mente com a área operacional de uma instituição de saúde
ce, a sepse, atinja 29,6% dos pacientes que estão em e gera alertas para a equipe médica atuar de forma rápida e
leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mas os da- direta. “Quando a gente fala de sepse, fala-se de tempo. En-
dos da pesquisa Sepsis Prevalence Assessment Database quanto a sepse nos surpreende, o robô surpreende a sepse”,
(SPREAD), do Instituto Latino-Americano de Sepse (ILAS), afirma Fressatto.
chocam ainda mais. Afinal, a letalidade do problema nas
regiões brasileiras varia entre 51,2% e 70%. O pai da Laura também conta que o robô identifica em
tempo real o que o ser humano levaria horas ou dias
A sepse, também conhecida como infecção generalizada, para fazer. “Ele consegue entrar dentro do siste-
é um conjunto de manifestações graves em todo o organis- ma do hospital ou do laboratório e, de forma
mo produzida por uma infecção. Se não há um rápido diag- aditável, entregar ao profissional, que vai
nóstico, a inflamação pode comprometer o funcionamento tomar a devida decisão e os procedimen-
dos órgãos e levar à morte. Ao perder sua filha, em 2010, o tos necessários para salvar uma vida.”
analista de sistemas Jacson Fressatto transformou sua dor
em motivação. Mobilizou-se para fazer algo que pudesse Dessa forma, o robô Laura busca
evitar outras mortes. empoderar o talento dos profissionais
de saúde, aumentando a oportunida-
Ao perceber a dificuldade na identificação dos sintomas da de de auxiliar vidas. Por isso, o de-
sepse, Fressatto estudou a doença, fez trabalhos voluntários sejo de Jacson é levar o sistema para
em diversos hospitais e desenvolveu o Robô Laura. “Eu perdi hospitais filantrópicos e, assim, re-
algo muito importante, mas o que eu tinha continua guarda- duzir a taxa de morte no Brasil.
do. Antes de perder esse presente que ganhei, também tinha
sido preparado para essa perda. Essa preparação me fez trazer A Revista Realiza Premium en-
à tona a possibilidade de fazer algo muito diferente.” trevistou Jacson Fressatto, o cria-
dor do Robô Laura. Na conversa,
O sistema usa inteligência artificial para analisar dados ele fala sobre os benefícios da tec-
dos pacientes. A partir de informações como alterações de nologia para o setor da Saúde e a
temperatura e parâmetros sanguíneos, pode identificar e experiência de ser pai.

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