Page 47 - Revista Realiza Premium - Edição 67
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Tipo de arritmia cardíaca
aumenta riscos de AVC

A FIBRILAÇÃO ATRIAL É UM GRANDE PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA QUE AUMENTA EM
CINCO VEZES AS CHANCES DE UM PACIENTE SOFRER UM ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL

Figurando há anos como uma das principais causas de morte bre doenças cardiovasculares”, encomendada pela Boehringer Inge-
no país, o acidente vascular cerebral (AVC) é um antigo co- lheim (BI) e desenvolvida pelo IBOPE CONECTA, em que 63% dos
nhecido da população. Só em 2015, por exemplo, cerca de 100 participantes afirmaram nunca terem ouvido falar sobre a arritmia.
mil óbitos foram ocasionados pela doença no Brasil, segundo dados O estudo também revelou que 47% dos entrevistados com FA não
do Ministério da Saúde. Diante de tal cenário, falar sobre a prevenção faziam uso de medicação anticoagulante, ficando mais expostos às
dos fatores de risco torna-se obrigatório: entre os principais, está a fi- complicações da doença.
brilação atrial (FA), o tipo de arritmia cardíaca mais comum do mun- Uma das possíveis explicações sobre a não adoção ao tratamento é a
do, que leva o coração a bater em um ritmo irregular, aumentando em preocupação com sangramentos, o efeito colateral mais lembrado das
cinco vezes as chances dos pacientes sofrerem um AVC. medicações anticoagulantes - conhecidas popularmente por “afina-
A fibrilação atrial é um grande pro- rem o sangue”. Entretanto, recentemen-
blema de saúde pública e os números “Apesar de parecer inofensiva te a Medicina testemunhou um grande
da doença são alarmantes. Mas qual é a em um primeiro momento, a avanço quanto a essa classe terapêutica:
relação entre as duas doenças? Primeiro, fibrilação atrial representa um já está aprovado em 61 países, inclusive
é preciso entender a atuação da FA: a en- grande risco para a saúde de quem no Brasil, o primeiro agente reversor de
fermidade faz com que os sinais elétricos sofre com a doença, que atinge medicação anticoagulante do mundo,
emitidos pelo coração falhem, levando destinado a uso hospitalar. De princípio
os átrios a se contraírem de maneira ir- ativo idarucizumabe, o medicamento
regular, “fibrilando”, e provocando um principalmente idosos acima dos possui efeito imediato e momentâneo,
acúmulo de sangue local. Tal retenção, 70 anos” revertendo especificamente a ação da
além de outras alterações provocadas dabigatrana em pacientes que precisam
pela FA, pode levar à formação de coá- ser submetidos a cirurgias de emergên-
gulos sanguíneos que podem se dirigir à circulação sanguínea e che- cia ou apresentam sangramentos incontroláveis, ocasionados por aci-
gar a qualquer parte do corpo, como o cérebro – provocando o AVC, dentes, sejam eles domésticos ou não.
que, nesse caso, tende a ser mais grave do que em outras situações. Logo, apesar de parecer inofensiva em um primeiro momento, a fi-
O diagnóstico precoce e o tratamento da fibrilação atrial são brilação atrial representa um grande risco para a saúde de quem sofre
fortes aliados do paciente para evitar essa complicação, pois parte com a doença, que atinge principalmente idosos acima dos 70 anos. É
do tratamento consiste no uso de medicamentos anticoagulantes, comum os pacientes serem diagnosticados com a arritmia apenas em
responsáveis por reduzir o risco de AVC. É importante ressaltar, um episódio de AVC, a sua manifestação mais grave, que pode levar
ainda, que existem tratamentos que visam restaurar a frequência a sequelas incapacitantes e até à morte. Por isso, é importante realizar
cardíaca do paciente. check-ups de rotina, consultando o médico especialista em caso de
O maior desafio está no fato de que a FA é uma doença silencio- dúvidas e sintomas.
sa: muitos dos pacientes não apresentam sinais da arritmia, o que faz
com que eles não procurem orientação médica. Entretanto, nos casos
em que há manifestações, os sintomas mais comuns englobam palpi-
tações, tontura, dores no peito e falta de ar. Além disso, outro ponto
que merece atenção é que, embora a fibrilação atrial atinja entre 1,5
José Francisco Kerr Saraiva, médico

milhão e 2 milhões de pessoas no país, ela ainda é desconhecida pela cardiologista, presidente da Sociedade

população, como mostrou a pesquisa “A percepção dos brasileiros so- de Cardiologia do Estado de São Paulo
e professor da PUC Campinas

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